Eventos Climáticos Extremos: Uma Realidade Incontornável?
Está ainda fresco nas
nossas mentes a ocorrência dos ciclones Idai e Kenneth, em 2019. Mais recente
ainda, o tremor de terra ocorrido na Turquia ou as inundações peri-urbanas
ocorridas em Boane. O que podem esses eventos ter em comum? A hipótese é de que
podemos os agrupar naquilo que se considera eventos climáticos extremos. Isso
é, eventos climáticos – como chuvas, erosões, ciclones... – que, devido às
mudanças climáticas, vão se tornando intensos e frequentes. “Os eventos
extremos são fenômenos climáticos e/ou meteorológicos que ocorrem em volume
acentuado e fora dos níveis considerados normais. Secas prolongadas, chuvas
torrenciais e ondas de calor, por exemplo, apresentavam uma ocorrência muito menor
do que vemos hoje, mas a crise climática tem tornado tais eventos extremos mais
severos e frequentes.”
Esses fenômenos
naturais poderão então acontecer de forma recorrente em curtos intervalos, e
ocasionando estragos demasiados. Aliás, 2019 foi a primeira vez que, desde que
há registo, em Moçambique, sucederam-se dois ciclones tropicais na mesma
estação
Lembremos que, regra
geral, as mudanças climáticas se distinguem entre (i) naturais e (ii)
antrópicas. As primeiras ocorrem devido aos fenômenos normais de evolução do
planeta e outras estrelas, como por exemplo o ciclo solar de Schwabe. As
segundas ocorrem devido a atividade humana, como deflorestação, por exemplo.
Assim, os eventos climáticos extremos estão fortemente relacionados com as
mudanças climáticas do tipo antrópico – influenciadas pela ação humana. Logicamente,
há uma associação entre as duas formas de mudanças climáticas, o que torna os
eventos climáticos tradicionais mais devastadores.
Podemos expor alguns
exemplos de eventos climáticos extremos que acontecem em diversos continentes.
Na Austrália, nos Estados Unidos da América (EUA), especificamente em
Califórnia, e no Pantanal brasileiro, registam-se incêndios florestais
intensos; no hemisfério norte, se tem registo das piores ondas de calor
extremo; o degelo (perca de gelo) no Ártico e na Sibéria, tem ocorrido em
ritmos elevados; há recorrência de furacões nos EUA; inundações de verão na
China; seca na Tailândia; ciclones na Índia (a exemplo da Amphan); entre
outros.
Ora, sendo uma
realidade que nos faz frente, surge a pergunta: é incontornável e irremediável?
Uma pergunta que provavelmente não tenha uma resposta direita. Mas dois
elementos permitem-nos perceber como a Organização das Nações Unidas (ONU)
recomenda que os países façam face as mudanças climáticas, em geral, e os
eventos climáticos extremos, em particular. Nos referimos para adaptação e
mitigação. Adaptar-se as consequências das mudanças climáticas; e mitigar
(reduzir) as atividades que causam mudanças climáticas
Todavia, a mitigação é
uma ação que não merece demasiada atenção, neste texto. Porquanto Moçambique é
dos países que pouco contribui para a poluição da terra, para ocorrência de
mudanças climáticas. A mitigação é, certo, tarefa de todos, mas ela
relaciona-se mais aos países que mais poluem; estamos a nos referir aos países
fortemente industrializados, os ditos desenvolvidos. Mas, perceba-se, não se
está a excluir Moçambique nos esforços de mitigação. Aliás, os Estados tem
responsabilidades comuns, mas obrigações diferenciadas para fazer face às
mudanças climáticas.
Nos interessa a
adaptação como alternativa para fazer face as mudanças climáticas. Ai, fala-se
da adaptação por meio do acesso universal aos meios de alerta precoce
Por fim, temos de
admitir que as mudanças climáticas são um fenômeno complexo, e como tal
precisam de repostas multidimensionais. Ora, não nos atrevemos a responder esse
problema neste curto ensaio. Oferecemos apenas elementos de reflexão para a
solução do problema, ou ao menos, para redução dos danos causados pelo
problema. Como sabemos, Moçambique é dos países mais vulneráveis aos efeitos
perversos das mudanças climáticas, embora sendo dos que menos contribui para a
ocorrência dos mesmos. A escolha deve ser feita: lamentar ou perceber e agir
sobre o fenômeno? A última nos parece mais adequada.
Referências Bibliográficas
1. BenanDjery. (23 de Fevereiro de 2023). Benandjery.com.
Fonte: Benandjery:
https://www.benandjerry.com.br/novidades/2020/11/extreme-weather-events
2. GreenPeace. (24 de Fevereiro de 2023). GreenPeace
Brasil. Fonte: www.greenpeace.org:
https://www.greenpeace.org/brasil/informe-se/justica-climatica/eventos-extremos/
3. Nacoes Unidas - Brasil. (23 de Fevereiro de 2023). Nacoes
Unidas, Brasil. Fonte: www.brasil.un.org:
https://brasil.un.org/pt-br/213450-eventos-climaticos-extremos-mostram-necessidade-de-mais-acoes-em-2023
4. NASA. (25 de Fevereiro de 2023). Climate Nasa.
Fonte: climate.nasa.gov:
https://climate.nasa.gov/solutions/adaptation-mitigation/
5. The Economist. (24 de Fevereiro de 2023). The
Economist. Fonte: economist.com: https://www.economist.com/the-economist-explains/2023/02/06/what-made-the-earthquake-in-turkey-and-syria-so-deadly?utm_medium=cpc.adword.pd&utm_source=google&ppccampaignID=18151738051&ppcadID=&utm_campaign=a.22brand_pmax&utm_content=conversion.direct-resp
6. UNICEF. (25 de Fevereiro de 2023). Unicef
Mocambique. Fonte: www.unicef.org:
https://www.unicef.org/mozambique/ciclone-idai-e-kenneth
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