As Políticas de Comércio Internacional: Do Protecionismo a Globalização Económica
Por: Alfredo J. A. Gamito[1]
[1] Pesquisador
convidado-Plataforma Informando e Mudando, Licenciado em Relações
Internacionais pela Faculdade de Ética e Ciências Humanas na Univerdade São Tomás
de Moçambique(USTM).
A política e a economia aproximaram-se do Comércio
Internacional, a partir de pontos de vista completamente diferente, utilizando
diferentes quadros analíticos. O problema é que os Estados pensam em termos geográficos
e populacionais, como fatores estáveis que definem o seu domínio, enquanto os
mercados são definidos por troca e pela extensão das ligações para frente e
para trás, que daí derivam. As fronteiras dos mercados são dinâmicas
transparentes e porosas pois elas raramente, concedem exatamente com as
fronteiras dos Estados e alguns mercados têm alcance global. A análise política
deste assunto trata o comércio internacional como fundamentalmente diferente da
atividade económica doméstica (Jovando, 2013 pp: 161-162).
Segundo Moreira (2014) o protecionismo corresponde à prática
e/ou a política de defesa da economia nacional no seu todo ou apenas de
determinados sectores da atividade económica da concorrência externa através da
adoção de medidas legislativas, regulamentares, administrativas e de outras
iniciativas que penalizam, discriminam ou impedem a importação de produtos e serviços.
A política protecionista se refere as vantagens e
proteção que o governo oferece aos produtores internos para competir com os
produtos vindos do mercado externo, com intenção de estimular e preservar a indústria
nacional e de uma maneira mais ampla, aumentar a produção e impulsionar as
exportações (Brunherotto, Lima, e Galdino, 2010).
Segundo Campira (2018) afirma que a medidas protecionistas
são tomadas a proteger o mercado nacional e para executa-las os governos se
valem de alguns instrumentos:
·
Impostos
de importação (tarifas): valor adicional cobrado
sobre as importações
·
Quotas
a importação: estabelecimento de quantidade fixas
de produtos de importação
·
Subsídios
a exportação: benefícios concedidos aos
produtores nacionais com vistas a ampliar o volume exportado.
·
Política
cambial: administração monetária realizada
pelas autoridades para a taxa de câmbio do país
·
Regulamentações
administrativas: imposição de normas a produtos
importados com o objectivo de restringir as importações como barreiras
sanitárias, padrões de qualidade, etc.
Ao praticar uma medida protecionista o pais pode
auxiliar o mercado interno a se desenvolver até o ponto que se encontra forte o
suficiente para concorrer com outros países mais desenvolvidos (Brunherotto,
Lima, e Galdino, 2010).
O multilateralismo é uma pauta de fundamental importância no contexto
das relações internacionais, sendo uma das principais características da
diplomacia mundial do último século até agora. O termo em si, pode ser
entendido como a cooperação conjunta de um grupo de países em torno de uma
temática/agenda/ação de interesse comum. O multilateralismo, na grande maioria
de suas manifestações e exemplos é muito positivo para a estabilidade da ordem
e sistema internacional, ao permitir que haja um equilíbrio maior de poder
entre os países ao abrir possibilidades para que estes atuem em conjunto em
determinadas pautas internacionais, compensando assim, a disparidade poder
existente entre grandes potências e países de menor projeção. Um grande
representante do multilateralismo são as Nações Unidas, organização
essencialmente multilateral, que distribui aos seus membros (ao menos na AssembleiaGeral)
igual peso de voto e também um fórum privilegiado de projeção internacional
para que os estados-membros apresentem suas considerações e identifiquem
caminhos comuns nas mais diversas áreas para cooperarem entre si (Diretoria de Promoção
de Exportações e Assessoria de Cooperação Nacional e Internacional do Brasil).
Apesar da
proliferação de medidas protecionistas nos países desenvolvidos do Ocidente ao
longo dos anos 80, inicia-se em sentido contrário, um crescimento de forças que
defendem os princípios de liberalismo na economia mundial. Esse novo movimento reforçar-se-ia
na década corrente. Globalização da economia e neoliberalismo são expressões
que refletem essa tendência, que não se restringe ao comercio internacional. Entre
seus aspectos mais salientados pelos analistas estão o impressionante aumento
do volume e velocidade de transferência internacional de recursos financeiros,
o crescente volume dos investimentos direto entre países-notadamente entre
aqueles da Tríade ( denominação dada por Ohmae as três principais áreas de
países desenvolvidos: Estados Unidos, Comunidade Europeia e Japão), menores
restrições as operações das empresas multinacionais e menor soberania dos
governos nacionais(ao menos nos casos de países em desenvolvimento) sobre a política
econômica do pais (Ibid). Já Garcia
(2005), defende que,
a globalização do capital leva a um declínio da autonomia do Estado-nação,
visto que a sua soberania é reduzida, pois diretrizes e decisões importantes
passam a ser compartilhadas com os centros de poder mundiais. Embora o
Estado-nação seja combatido pelas estruturas de poder globais, estas se apoiam
nele para administrarem a dívida interna e externa e desregulamentarem a
economia, entre outros aspectos. Consequentemente, à medida que a acumulação
capitalista se transforma, leva a uma mudança na forma do Estado. Esse
redimensionamento do papel do Estado nos dias atuais está intimamente associado
ao declínio do modo de produção fordista e ao crescimento da produção flexível,
no contexto da globalização econômica, legitimando a revitalização dos ideais
liberais.
É interessante,
perceber como que o protecionismo que tem como premissa fundamental proteger os
produtos de origem nacional, em relação aos produtos estrangeiros, como esse
protecionismo pode afetar o posicionamento económico de um determinado Estado
no Sistema Internacional Económico. Por outro lado, e interessante perceber até
que ponto a abertura económica feita através do multilateralismo, pode pôr em causa a
"soberania económica" de um Estado.
Com o fim da
Guerra Fria, muitos estudiosos do sistema internacional, acreditaram que os
Estados Unidos da América seriam a única potência mundial. Porém ao longo dos
últimos anos, existe uma crescente onda de potências emergentes que passam a
ter maior influência em aspectos importantes da política internacional, países
como Brasil, China Índia, o que acaba por levantar dúvidas em relação a
centralidade dos Estados Unidos no cenário internacional.
Na perspectiva de Grévi (2009) citado por Fernandes e
Simão (2011:18), o multilateralismo assume hoje um papel definidor dos
equilíbrios mundiais, uma vez que o poder se mede também pela capacidade de
reforçar as estruturas multilaterais. Está observação decorre da constatação de
um mundo que é não só multipolar[1]
mas, também, interdependente, requerendo assim esforços colaborativos na
resolução de problemas comuns.
A globalização económica e o multilateralismo , tendem a
impulsionar o Sistema Internacional, para um mundo, em que cada vez mais, os
atores ditos de "Small-States", ganhem destaque na arena
internacinal, pois atraves do multilateralismo a procura por atores não
tradicionais e a procura por suprir certas necessidades económicas e sociais
torne impreensendivel essa relação de win-win
situation entre atores do sul global e do norte global.
É paradoxal a relação entre o
protecionismo e a abertura economica mundial resultante da globalização, as
vontades políticas nacionais e as vontades políticas como um sistema, e necessário
que os Estados analisem melhor as suas políticas de Comércio Internacional, será
que o multilaralismo e o caminho para atingir ao tão almejado desenvolvimento
económico e social ou se o protecionismo pode servir como forma de impulsionar
melhor o mercado nacional em particular e evidentemente sem tentar ferir as
vontades políticas de um todo sistema regional e internacional.
Referências
Bibliograficas
CAMPIRA,
Zito (2018) "Economia Política Internacional",
Lisboa, Edições Ex-líbris
ZECA, Emilio
Jovando (2015), "Relações Internacionais:
Natureza, Paradigmas e Assuntos Transversais”, Plural Editores.
BRUNHEROTTO,
A, LIMA, L, GALDINO, T "Protecionismo e Liberalismo ", UNIMEP, Piracicaba, 2010
MOREIRA,
Teresa "Protecionismo" EM: MENDES, Nuno Canas & Coutinho Francisco(2014)
"Enciclopédia das Relações
Internacionais", Dom Quixote, Alfragide
FILHO,
S. B. "Livre Comércio versus Protecionismo: uma
antiga controvérsia e suas novas feições"
Diretoria
de Promoção de Exportações (Dipex) e Assessoria de Cooperação Nacional e
Internacional (ACI)"
)" Minas Gerais
FERNANDES,
S.; SIMÃO L. (2020) "Os conceitos e a evolução do
multilateralismo: o nexo reflexão-ação", Imprensa da Universidade de
Coimbra
GARCIA, L. (2005) "A Globalização Económica , o Neoliberalismo e as transformações no mundo do trabalho", Universidade Federal do Maranhão
[1] Multipolaridade
é caracterizada pela presença de diversos polos de poder no Sistema
Internacional, ou seja o poder está em mais do que dois Estados.
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