Complexo Al Aqsa: Entre Unicidade, Conflito e Perspectivas Para Paz
O Médio Oriente é uma
região historicamente interessante, ao menos desde o fim da primeira guerra
mundial e o colapso do Império Otomano. Na verdade, muitos dos Estados e
movimentos nacionalistas modernos, no Médio Oriente, surgiram depois do colapso
do Império Otomano, que, por exemplo, é “substituído” pelo Estado Turco.
Durante o século vinte (XX), vão emergir Estados como Emirados Árabes, Qatar, Irão,
Síria, Líbano, entre outros. Contudo, surge igualmente o Estado de Israel, em
1948, sucedendo a autoridade do mandato britânico sobre a Palestina (controle
territorial do Reino Unido da Grã Bretanha sobre a Palestina). O mandato
britânico iniciou logo depois da primeira guerra mundial
Dentre as diversas
razões da disputa do território Palestiniano, uma delas deve-se ao facto desse
território ser um espaço sagrado para três religiões diferentes. Porquanto,
Palestina é para os cristãos o lugar aonde Jesus viveu e efetuo diversos
milagres; para os Judeus, foi onde Davi estabeleceu seu reino, e onde
igualmente Salomão construiu seu templo; e para os muçulmanos é o lugar aonde Mohamad
efetuou sua ascensão aos céus
Decorre dessa disputa
o Conflito Israelo-Árabe e o Conflito Israelo-Palestiniano. O primeiro envolve
Israel contra diferentes Estados Árabes do Médio Oriente, como Irão, Iraque,
Síria, Jordânia e Egito
Ora, o complexo
Al-Aqsa se localiza na cidade Jerusalém Este, e é o ponto de intersecção entre
Islão, Judaísmo e Cristianismo, como retro exposto. Os judeus chamam-no do
Monte do Templo, e é o lugar mais sagrado nessa tradição, aonde existiram dois
templos – um destruído no período babilônico e outro pelos romanos – e assim
seria o lugar aonde deveria ser erguido o terceiro templo, com a vinda do
Messias. Por seu turno, para os muçulmanos é o santuário nobre (Al-Haram
Al-Sharif) ou o complexo Al-Aqsa, aonde igualmente se localiza o domo da pedra
– lugar em que o Profeta Muhammad (SAW) ascendeu aos céus. É o terceiro lugar
sagrado do Islão, depois de Mecaa e Medina. Finalmente, turno, para o
cristianismo, a importância do complexo Al-Aqsa nos remete ao antigo testamento
– que informa o facto de Jesus ter passado parte de seu tempo naquele local
Nos últimos 800 anos
foi controlado por muçulmanos. Na verdade, tradicionalmente, a lei judaica
proíbe os judeus de rezar dentro do templo, por ser considerado sagrado – de
presença divina, por isso rezam fora do complexo, na parede ocidental. Entretanto,
com fim da guerra de seis dias, em 1967, e a consequente anexação da Faixa de
Gaza e Cisjordânia, incluindo Jerusalém Este – anexação feita por Israel – essa
situação mudou.
O complexo é, teoricamente,
gerido por um Waqf (entidade
filantropa) dirigido pela Jordânia. A Jordânia é a administradora nominal do
complexo, pelo Waqf ser de lá
originário, porém depende do controle de Israel; controle que tem vindo a
aumentar. Aliás, o mapa do Estado de Israel tem vindo a expandir-se desde 1948,
ano do estabelecimento do Estado israelita. E esse aumento do controle dos
territórios sob ocupação decorre principalmente da subida ao poder, em Israel,
de grupos suprematistas judeus. Grupos
que atualmente têm influência sobre o governo; e tem assim procurado dominar o
complexo Al-Aqsa, em termos de acesso e administração
Portanto, o complexo
Al-Aqsa representa a unicidade e o conflito. Por um lado, representa a unicidade
de ser o ponto de convergência entre as religiões islâmica, crista e judaica;
religiões que na verdade têm muito em comum, desde as crenças à algumas
práticas. Por outro lado, representa conflito devido ao desentendimento
político que advém da interpretação díspar e interesses antagônicos em relação
a utilização do espaço aonde se localiza o complexo Al Aqsa. E, o conflito,
mesmo que seja causado por uma minoria dentro dos grupos em divergência, aparenta
ser causado pela maioria. Não será momento de desconstruir as narrativas para
uma paz durável?
Obras
Citadas
Al Jazeera English. (1 de Fevereiro de 2023). Wh Al-Aqsa is Key to Understanding
the Israeli-Palestinian Conflict | Start Here.
Gorniak, P. (30 de Agosto de 2018). Jerusalem: Entenda o
Conflito Por Esse Territorio. Fonte: www.politize.com:
https://www.politize.com.br/jerusalem/
Muirazeque, E. (2021). Economia Politica e Conflitos
Inter-Estatais no Medio Oriente. Maputo: TPC Editora.
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