A Complementaridade das Estratégias de Combate ás Mudanças Climáticas: Adaptação, Mitigação e Resiliência.

 

As mudanças climáticas são uma condição ubíqua nos dias que correm. Isso é, são um assunto corrente e incontornável, na vida dos cidadãos e dos Estados. Elas podem ser definidas como as alterações no clima da terra decorrente de factores naturais e humanos. O ciclo solar cria alterações na temperatura da terra, mas também a deflorestação o faz; a primeira é exemplo do que chamamos de alterações por causas naturais, enquanto para as segundas nos referimos como alterações induzidas por atividade humana, ou antrópicas. Ora, essa condição ubíqua das mudanças climáticas veeem exigindo esforços contínuos dos Estados, Organizações Internacionais, Indivíduos, Organizações Não Governamentais e outras entidades, nacionais e internacionais.

Os esforços direcionam-se ao combate às mudanças climáticas, porquanto essas tem o potencial de alterar a vida na terra como a conhecemos. Aliás, já não é apenas potencial; as mudanças climáticas tem alterado as condições de vida em todo mundo (Nacoes Unidas - Brasil, 2023). E por isso as diferentes entidades internacionais vão concertar esforços para as combater, para manter a vida na terra com suas características tradicionais, principalmente em termos climáticos – mesmo se daí advêm as outras dimensões: social, econômica... É assim que surgem diferentes estratégias de combate às mudanças climáticas. Das mais destacadas temos a adaptação e mitigação. E neste texto, procuramos o contacto entre ambas, o que percebemos poder produzir resiliência.

Antes, porém, passemos para considerações conceptuais, para que seguidamente as possamos relacionar. Por um lado, adaptação é o processo de antecipação aos efeitos adversos das mudanças climáticas por meio de mudanças estruturais e comportamentais (European Environment Agency, 2023). Por outro lado, mitigação é o conjunto de ações que visa tornar os efeitos das mudanças climáticas menos severos, o que consiste, por exemplo, na redução das emissões de Gases a Efeito Estufa, ou na instalação de um sistema de mobilidade limpo, ou ainda a florestação (Ibid). Por seu turno, resiliência significa habilidade e capacidade de adequar-se à choques e recuperar dos respectivos impactos, de forma atempada e eficiente (Mehryar, 2022).

Percebemos então que todos esses elementos estão interconectados, interdependentes, inter-relacionados. Aliás. Mehryar (Ibid) considera que nalgumas vezes os conceitos de adaptação e resiliência são usados inadvertidamente, no discurso acadêmico e político, para significar o mesmo fenômeno. Secundando a importâncias das estratégias de combate às mudanças climáticas, a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que os países façam face as mudanças climáticas, em geral, e os eventos climáticos extremos, em particular por meio da adaptação e mitigação. Adaptar-se as consequências das mudanças climáticas; e mitigar (reduzir) as atividades que causam mudanças climáticas (NASA, 2023).

A perspectiva deste ensaio é de que a adaptação, mitigação e resiliência são partes completares de um mesmo objeto. Sendo a resiliência a consequência de uma relação anterior entre adaptação e mitigação. O objeto são as mudanças climáticas que afetam o planeta terra e contra as quais precisa-se de medidas assertivas. Ora, a ideia de mudanças estruturais e comportamentais no âmbito da adaptação nos remete a construção de diferentes infraestruturas de uma forma diferente da que era feita no passado, por exemplo, instalação de diques mais resistentes à chuva severa e que canalizem a água para conservação. E as mudanças comportamentais nos remetem, por exemplo, a flexibilidade dos camponeses na escolha das melhores épocas para sementeira e consequente colheita. Esses dois elementos, embora da adaptação vão se relacionar com a florestação, por exemplo.

Destarte, nessa relação, a florestação combinada com a construção de diques resistentes as chuvas, se nos atermos ao exemplo acima exposto, pode ter um duplo efeito, na mesma região geográfica. Os diques contem a água, no período chuvoso, as florestas permitem a criação de microclimas relativamente saudáveis. E esses dois aspectos implementados na mesma região geográfica podem permitir que os extremos de temperatura e efeitos climáticos seja reduzido. Podem criar um equilíbrio face os efeitos adversos e extremos das mudanças climáticas. Demonstramos então uma simbiose entre adaptação e mitigação, entre mitigação e adaptação. Os exemplos são vários, principalmente os teóricos; claramente, eles precisam demonstrar a aplicabilidade pratica.

Contudo, com a junção de atividades de adaptação às atividades de mitigação, pode-se conseguir uma sociedade resiliente. Continuemos com o exemplo proposto. Em caso de chuvas intensas e disruptivas, em termos de época, os diques poderão ter a função de direcionar a agua para zonas de cultivo que requeiram pântanos ou humidade excessiva. Assim, não apenas se resistiria ao choque, como também usávamos o choque ao nosso favor – seriamos mais do que resilientes: seriamos anti-frageis (um tópico por explorar mais).

Porquanto, a resiliência permite a recuperação pós-choque, a antifragilidade permite fazer com que o choque torne o sistema melhor. É assim que a mudança de paradigmas estruturais e comportamentais por meio de ações assertivas pode nos permitir posicionar-se adequadamente face os desafios das mudanças climáticas. Então, as estratégias de combate as mudanças climáticas, como a adaptação, a mitigação e a resiliência sao complementares e permitem quando pensadas de tal forma o alcance de resultados mais sólidos e sustentáveis.

 

 

Referências Bibliográficas

European Environment Agency. (02 de Abril de 2023). European Environment Agency. Fonte: www.eea.europa.eu: https://www.eea.europa.eu/help/faq/what-is-the-difference-between#:~:text=In%20essence%2C%20adaptation%20can%20be,(GHG)%20into%20the%20atmosphere.

Mehryar, S. (12 de Setembro de 2022). The London School of Economic and Political Science - Grantham Research Institute on CLimate Change and The Environment. Fonte: www.lse.ac.uk: https://www.lse.ac.uk/granthaminstitute/explainers/what-is-the-difference-between-climate-change-adaptation-and-resilience/#:~:text=Such%20measures%20could%20include%20building,pollution%20and%20cool%20urban%20areas.

Nacoes Unidas - Brasil. (23 de Fevereiro de 2023). Nacoes Unidas, Brasil. Fonte: www.brasil.un.org: https://brasil.un.org/pt-br/213450-eventos-climaticos-extremos-mostram-necessidade-de-mais-acoes-em-2023

NASA. (25 de Fevereiro de 2023). Climate Nasa. Fonte: climate.nasa.gov: https://climate.nasa.gov/solutions/adaptation-mitigation/

 

 

 

 

 

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