PORQUÊ O MEIO AMBIENTE É UMA ÁREA TRANSVERSAL?
ACaNa, Luqman Al Hakim
Neste texto, procuro expor a ideia de transversalidade do meio ambiente. Isto é, discutir os elementos que fazem com que consideremos o meio ambiente como uma área transversal. Primeiramente, é importante lembrarmos a definição de transversal. É transversal, tudo o que atravessa vários componentes e lhes faz um sistema, não importando a funcionalidade ou não deste último. Por exemplo, uma discussão transversal é aquela que discute aspectos relacionados a política, economia, agricultura, etc. não se limitando em apenas uma área especifica.
Seguidamente, é importante voltar ao conceito de meio ambiente. Em linguagem simples, meio ambiente é tudo aquilo que nos rodeia. Existe um aspecto muitas vezes negligenciado neste conceito, que na verdade subdivide-se em dois: por um lado, nós somos rodeados por elementos naturais, que não foram produzidos pelo homem, como por exemplo, oceanos, montes, terra, etecetera.; por outro lado, somos também rodeados por elementos artificiais, produzidos pelo engenho humano, como por exemplo, edifícios, pontes, lagos e rios artificiais, etecetera.
Integrado este aspecto negligenciado, isso é, a interação entre elementos naturais e elementos artificiais, de forma extensiva no mundo científico, quando se fala de meio ambiente, muitas vezes o primeiro elemento sobrepõem-se ao segundo. Isto é, falamos de meio ambiente para nos referir aos aspectos naturais, as mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável, etecetera. Ainda assim, o segundo elemento não é totalmente excluído. Destarte, percebe-se que o meio ambiente, por integrar vários aspectos da vida humana é fulcral. Evidentemente, é este fenómeno de integrar vários domínios que torna o meio ambiente transversal.
Veja-se que a economia, a agricultura, a química, a biologia, a física, o direito entre outros assuntos e ciências, incluem o meio ambiente em si. Seja por dependência estrita ou por estudo independente. Por outra, todos estes assuntos e ciências estão em constante interação com o meio ambiente. As ciências socias, assim como as ciências naturais estão vinculadas ao meio ambiente. Este vínculo pode ser identificado a partir do objecto de estudo de cada uma dessas ciências. Mas também, quando verificamos como, e onde os diversos assuntos e ciências aplicam seus estudos, é possível identificar a relação entre elas e o meio ambiente. Procedamos a uma demonstração, de certa forma esquemática.
No momento em que a economia estuda a melhor forma de alocação de recursos produtivos da sociedade, para maximizar a satisfação das necessidades da sociedade, ela inclui-se no meio ambiente. Pois, os recursos estudados na economia são muitas vezes naturais, ou não, são recursos que nos rodeiam, parte do meio ambiente. Por exemplo, quando se estuda como aumentar a productividade agrícola através da mecanização, estamos a relacionar a terra, um recurso natural, com outros recursos tecnológicos, não naturais. Depois, quando se extraem recursos naturais para o uso do homem, a título de exemplo, o petróleo, areias pesadas, gás ou carvão, com o fim de fazer crescimento económico, também desenvolvimento social, o meio ambiente entra nessa equação. Neste caso ainda mais, pois, usamos recursos naturais e, neste caso, poluímos o meio ambiente, por meio da emissão de substâncias toxicas que destroem a camada de ozono.
O estudo do impacto dessas substâncias tóxicas resultantes da exploração de alguns recursos naturais, é feito pela química, de forma restrita, mas também pela biologia, quando procuramos entender como tais substâncias afectam os seres vivos. A física quando relaciona os aspectos inerentes ao universo não pode rescindir do meio ambiente. Aliás, nalgumas vezes, física é sinonimo de meio ambiente. Pois, muito do que é físico é material, logo cientificamente parte da existência paralela ao Homem.
Quando legislamos diversos assuntos, o fazemos tendo em conta um espaço específico, um espaço geográfico, uma sociedade. A noção de espaço, em si nos transfere ao meio ambiente. O espaço está inserido na natureza. Por exemplo, a constituição de República de Moçambique, foi produzida tendo em conta a sociedade moçambicana e seus recursos, seu meio ambiente, meio que lhe circunda. P
isso, quando se fala do acesso a terra, acesso aos recursos, de forma legal, estamos a relacionar o direito, a legislação ao meio ambiente, passando pela sociedade, que é, também um elemento do meio ambiente, da natureza. Extensivamente, actualmente assinam-se acordos internacionais de preservação ambiental, que incluem vários países. Por exemplo os acordos de Paris, o protocolo de Kyoto ou a convenção quadro das nações unidas, que juntos, complementam os esforços legislativos de proteção do meio ambiente.
Essa descrição, do relacionamento entre diversas ciências e o meio ambientes, da transversalidade do meio ambiente, pode seguir e incluir todas as ciências existentes. O fundamento da transversalidade do meio ambiente, de forma resumida pode ser percebida no seguinte aforismo em forma de silogismo: a natureza faz emergir tudo o que existe no mundo, e tudo o que existe no mundo faz parte do meio ambiente, os assuntos e ciências existentes estão inseridas no meio ambiente.
Portanto, se as ciências estão inseridas no meio ambiente, no mundo, elas têm um relacionamento estreito com este último. De dependência para este último, visto que elas são parte do meio ambiente, de forma abstracta. Pois, se uma ciência, um assunto não pode ser tocado, não é material, os mesmos existem no nosso intelecto, na nossa razão. Não podemos observar a física nem a economia, mas convenha-se que essas ciências existem imaterialmente. Mas quando lhas aplicamos de forma prática nas nossas vidas, elas têm um impacto material, podemos observar e tocar. Desse modo, por ser transversal, tanto material como imaterialmente, o meio ambiente merece a nossa atenção em todas as circunstâncias, pois, se degradado o meio ambiente, a vida na terra sob a forma que conhecemos fica comprometida, por exemplo através do aquecimento global, deflorestação, poluição atmosférica ou dos oceanos, etecetera.
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